ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 08.10.1998.

 


Aos oito dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear a Banda da Saldanha Marinho, nos termos do Requerimento nº 196/98 (Processo nº 2812/98), de autoria da Vereadora Tereza Franco. Compuseram a MESA:  o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; os Senhores Pedro Lourival da Fonseca, Fernando Recena Grazzi e João Nilton dos Santos, respectivamente, Presidente, Diretor e Fundador da Banda da Saldanha Marinho; a Vereadora Tereza Franco, na ocasião, Secretária “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos  para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Tereza Franco, em nome das Bancadas do PTB, PDT, PPB, PSB e PPS, discorreu acerca dos motivos que a levaram a propor a presente homenagem, comentando a ligação existente entre a Banda da Saldanha Marinho e a população e salientando o caráter gratuito da alegria ofertada por seus integrantes à comunidade através da arte musical.  O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, analisou a importância da cultura popular dentro de uma sociedade, desejando aos integrantes da Banda da Saldanha Marinho a continuidade do trabalho atualmente realizado em prol de uma música voltada para a busca das raízes culturais porto-alegrenses. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Pedro Lourival da Fonseca que, em nome da Banda da Saldanha Marinho, agradeceu a homenagem prestada pela Casa, tecendo considerações acerca da origem da Banda da Saldanha Marinho e relembrando nomes que participaram e acompanharam essa Banda em seus vinte anos de existência. Após, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, do aniversário do Senhor Pedro Lourival da Fonseca, convidando a todos para cantarem a música “Parabéns a Você”. Em continuidade, procedeu à entrega, aos Senhores Pedro Lourival da Fonseca, Fernando Recena Grazzi e João Nilton dos Santos, de exemplares do livro “Porto Alegre à Beira do Rio e do Meu Coração”, de autoria dos Poetas Luiz Coronel e Luiz de Miranda. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezessete horas e quarenta e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pela Vereadora Tereza Franco, Secretária “ad hoc”.  Do que eu, Tereza  Franco, Secretária  “ad  hoc”, de terminei  fosse  lavrada  a  presente  Ata  que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Damos por abertos os trabalhos desta Sessão Solene destinada a homenagear a Banda da Saldanha Marinho, de acordo com o Requerimento nº 196/98 (Proc. 2812/98). A proponente é a Vera. Tereza Franco, que já está conosco na Mesa, bem como o Presidente da Banda, o nosso amigo Pedro Lourival da Fonseca.

Chamamos, também, para compor a Mesa, o Sr. Fernando Recena Grazzi, que é Diretor da Banda, e o Sr. João Nilton dos Santos, fundador da Banda da Saldanha Marinho. Registramos a presença do Ver. Adeli Sell. Convidamos os presentes para cantar o Hino Nacional Brasileiro.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

Vamos ouvir o pronunciamento da Vera. Tereza Franco, que é a proponente desta Sessão Solene e que falará em nome das Bancadas do PTB, PDT, PPB, PSB e do PPS.

 

A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero dizer que tenho pela Banda da Saldanha Marinho, por incrível que pareça, um carinho maternal. Lembro que minha mãe falava sempre nessa banda. Eu perguntaria: quem já não passou numa praça, numa rua e não parou para ouvir a Banda da Saldanha Marinho?

Hoje estou fazendo uma homenagem a esta banda porque ela já me deu muitas alegrias e também para diversas pessoas. E o principal: uma alegria gratuita e brotante. É uma banda que, seja onde for que exista uma festa, ela não encontra dificuldades em comparecer e participar, sem interesse financeiro. É uma banda de “coroas carinhosos”, com todo o respeito, pessoas cheias de amor. E a “Nega” pensou assim: “Bom, eu tenho o direito de fazer uma homenagem.” Todos nós, os Vereadores, temos o direito de escolher, durante o ano, alguém para homenagear. Então, a “Nega”, graças a Deus e a todos os que aqui a colocaram, teve a honra de poder hoje, como negra, como Vereadora, fazer esta homenagem à Banda da  Saldanha Marinho.

A “Nega” não sabe falar, a “Nega” não sabe fazer discurso, mas a “Nega” quer dizer que isso que a “Nega” está fazendo hoje é feito do fundo do coração.

Tenho certeza de que, se a minha “coroa” estivesse aqui, ela estaria vibrando. Tenho certeza de que, de onde ela está, lá em cima, ela está vibrando, porque esta é uma homenagem merecedora de todo o meu carinho.

Eu quero também dizer que hoje, na Rádio Farroupilha, o Zambiasi, meu padrinho, fez uma homenagem também ao Pedro João e a todos os componentes da Banda. Eu nem sabia que ele era tão entrosado, naquele mundo em que ele vive, com a Banda. Estou trazendo a homenagem do Zambiasi à Banda da Saldanha Marinho.

Vou parar por aqui. A “Nega” não é de muito falar, a “Nega” se engasga, mas quero dizer que é de coração que eu faço esta homenagem à Banda da Saldanha Marinho, ao Pedro João e a todos os componentes da Banda. Muito obrigada. Um beijo a todos. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra. Fala pela Bancada do PT.

 

O SR. ADELI SELL: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. Luiz Braz. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a satisfação de, em nome dos doze Vereadores que compõem a Bancada do Partido dos Trabalhadores, fazer este pronunciamento em homenagem à Banda da Saldanha Marinho. Nós somos daqueles que acreditamos na cultura popular. Nós não apenas acreditamos, mas incentivamos e consideramos esta uma bela manifestação cultural surgida há tanto tempo e trazida até os dias de hoje por pessoas que, voluntária e generosamente, dão parte do seu tempo, da sua capacidade, da sua cultura, do seu jeito de ser para o congraçamento de uma comunidade, de um grupo de pessoas. Ali não há nenhum interesse que não seja  a convivência, a harmonia, o samba, a música em geral, ou seja, as raízes culturais do nosso povo e da nossa Cidade.

Conhecia pouco Porto Alegre e, quando vim para cá, não tinha idéia dos traços culturais que a compunham, mas esta Cidade tem, fundamentalmente, traços multifacetados, e a cultura popular, a cultura da música, dessas raízes, está muito presente nesta Cidade e na composição do grupo que criou e vem levando essa banda até hoje. Não é apenas no Rio de Janeiro ou na Bahia, não é apenas na televisão que vemos as verdadeiras raízes culturais da nossa música, do nosso samba, mas é aqui em  Porto Alegre, nessa banda, com pessoas que estão aqui não apenas para homenagear, mas que também participam do cotidiano da Banda. E a Vera. Tereza teve a feliz idéia de fazer esta homenagem.

Quero dizer às senhoras e aos senhores que também estou muito contente  de ter aprovado nesta Casa uma lei que cria a Feira do Disco em Porto Alegre, e há, inclusive, uma especificidade de uma banca que vai divulgar toda a forma independente de produção. Sei que entre os senhores há pessoas que produzem música, que produzem cultura. Na Feira do Disco, durante a Semana de Porto Alegre, teremos oportunidade também de ouvir, de ter ali exposto, de vender, de trocar, de comprar toda uma produção que não está nos grandes meios de comunicação, que não está nas grandes gravadoras, que não está nas grandes rádios e que não é, necessariamente, do gosto de alguns produtores, mas, tenho certeza, é do gosto do nosso povo. Não fosse isso, essa banda, a Saldanha Marinho, não existiria, não teria se mantido. Portanto, aqui há um  casamento perfeito entre os que fazem e os que usufruem, mas também acho que não dá para fazer tão nitidamente essa separação, porque todos fazem e todos usufruem.

Gostaria que um dia a cultura brasileira não tivesse essa separação entre os que fazem e os que usufruem. Que todos nós possamos fazer e, ao mesmo tempo, usufruir, porque a verdadeira razão da cultura do nosso povo é a convivência, a harmonia e a solidariedade entre homens e mulheres de todas as raças, de todas as cores e todas as religiões. Queremos uma Porto Alegre solidária, queremos que essa banda viva, viva e viva! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Cláudio Sebenelo. Convidamos o Sr. Pedro Lourival da Fonseca, Presidente da Banda da Saldanha Marinho, para fazer uso da palavra.

 

O SR. PEDRO LOURIVAL DA FONSECA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, especialmente a minha querida amiga Tereza Franco, nossa grande Vereadora - e, cumprimentando a Vereadora, cumprimento a Mesa -, é uma honra enorme para mim e para todos os que vêm acompanhando e participando da Banda da Saldanha Marinho nesses vinte anos.

É bom ter aqui amigos, colegas, parentes, todos que participam da Banda.  Vejo o meu amigo Delegado Roberto, junto com o João Nilton; o  Fernando  Recena Grazzi, que fez o primeiro samba para a Banda - a Dona Célia, sogra dele, fez a primeira camiseta da Banda, isso é um orgulho -; o Alceuzinho, que fez o primeiro churrasco da Banda; o Luiz Fernando Rodrigues, o “Escurinho”; o Homero, meu pai, que fazia aquela famosa limonada, com bastante Q-Suco e pouco álcool, que deixavam os neguinhos tontos. Era bom, era divertido! 

A Banda existe até hoje. Vemos aqui o Paulo Boca, um dos músicos da noite, consagrado; o Arlei, grande jogador de futebol; o Didi, um grande amigo, que também deu uma força para esse evento. Eu quero agradecer a todas as pessoas que estão aqui, como o meu amigo Pernambuco, o Lemos, o Jorge Becker, o Jorginho da CRT, aquele pessoal que cuida do churrasco, que é a chegada da Banda, que é a entrada. Quando o pessoal chega já sabe que é aquela característica da Banda aquele churrasco tradicional. Não posso esquecer do meu amigo Nico; o Juarez, que sempre empresta os instrumentos para a Banda; o Jorginho JG, grande divulgador; o Bira, meu amigo Ubirajara Rocha Rodrigues, onde o primeiro churrasco foi realizado no dia 08 de outubro de 1975. Ao seu lado eu vejo o Estevão, que não queria nos receber quando saímos com aquela batucada rua afora. Ele fechou a porta e disse: “Não quero esse pessoal aqui.” Hoje ele vibra quando a Banda sai, porque ele vende cem caixas de  cerveja. Se o arrependimento matasse, ele estava louco.

Gosto de ver esse pessoal jovem que está chegando na Banda da Saldanha, que está participando, como o Guaraci, meu braço direito, enfim, todo o pessoal que está aqui: o Pernambuco, o Paulo Celsum, novo integrante da Diretoria. O nosso futuro agora é buscar uma sede própria para a Banda, onde possamos realizar nossos eventos, onde possamos confraternizar com um churrasco, com a nossa roda de samba. O Estevão é sensacional. Não vai mudar a arrancada da Banda, mas acho que nós temos que ter uma sede própria, porque agora, depois de vinte anos, a Banda está aí e temos que ter a sede própria. Então, vamos começar a acionar a nossa Vereadora, vamos aproveitar a oportunidade e vamos apertar a “Nega” - no bom sentido.

Eu agradeço a vocês, à Vereadora, ao Luiz Braz, ao Fernando, ao Delegado João Nilton, ao Ver. Adeli e a todos que compareceram. A Banda da Saldanha Marinho vocês sabem que nada mais é do que alegria, é cultura popular. Ninguém paga nada; se divertem à vontade. Não esqueçam que no dia 12 vocês estão convocados para aquele sensacional churrasquinho, e não esquecendo que, às vezes, corre aquela listinha, não é Roberto? - “Dá-me cinco aí para colocar na carne”, e aquela coisa toda. Então, vão preparando um, de canto, porque a festa vai começar cedo, às 7h da manhã. Parece-me que o Homero vai levar salsichão, lingüiça, pão e vai fazer uma entrada às 7h da manhã. Prepara-te, Estevão; nem os gatos vão dormir. 

O meu obrigado pela presença de vocês, à Vera. Tereza Franco, enfim, a todos vocês. Temos um coquetel, coisinha leve, “light”. Salve, salve a Banda da Saldanha Marinho! Vinte anos não são vinte dias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Hoje também é um dia bastante especial. Fui informado de que, além desta homenagem que a Câmara Municipal, através do  Requerimento da Vera. Tereza Franco, está prestando à Banda da Saldanha Marinho, temos um outro motivo especial para prestarmos mais uma homenagem. Na verdade, as duas se confundem, porque, quando se fala na Banda da Saldanha Marinho, lembra-se imediatamente da figura do Pedro Lourival da Fonseca - o “Pedro Diogo”, e hoje ele está completando mais um ano de vida. Por isso, merece que cantemos um parabéns para ele.

 

(Canta-se o "Parabéns a você".)

 

Pedro Diogo, aniversário não fica bem sem presente. Vamos passar às tuas mãos o livro “Porto Alegre à beira do rio e em meu coração”. Todas as autoridades que vêm a esta Casa levam esse livro como recordação da solenidade. Tenho certeza de que  vais gostar muito e, quando olhares as imagens que estão no livro, vais recordar deste momento em que você, juntamente com o pessoal da Banda da Saldanha, estava recebendo esta homenagem da Tereza Franco e de todos os Vereadores da Capital. Este livro é um belo trabalho do Luiz Coronel e do Luiz de Miranda. Entregamos esse mesmo livro para o Fernando e para o João Nilton, dizendo que nós, aqui na Câmara Municipal, temos sempre um orgulho muito grande quando recebemos aqui os nossos convidados para momentos como estes, pois fazem com que a Câmara Municipal fique enobrecida em suas funções. Afinal, está havendo aqui o reconhecimento de um trabalho de vinte anos, de pessoas que levam a cultura popular nos diversos cantos dessa Cidade e que fazem com que a Cidade, várias vezes no ano, possa ficar mais alegre.

O Pedro Diogo estava me dizendo que no próximo dia 12, que é aniversário da Banda - vinte anos -, a Banda vai reunir-se no Bar do Estevão e vamos ter a nova arrancada. A Banda da Saldanha Marinho merece esta homenagem prestada neste momento.

A Casa está engalanada por poder recebê-los em nossas dependências. Este encontro de hoje, um momento de homenagem, deveria ser repetido muitas outras vezes. Esta Casa está aberta. É a Casa do Povo e é para que os senhores possam participar juntamente conosco, via gabinete dos Vereadores ou via gabinete da Presidência. Esta Casa se sentirá sempre honrada em recebê-los.

Convidamos todos os presente para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h49min.)

 

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